Certo dia, no início da noite, um homem caminhava por um imenso jardim todo gramado. Logo à frente havia uma casa com muitas pessoas reunidas na sala. Ao se aproximar percebeu que todos que ali estavam eram seus conhecidos. Ao entrar reparou que ninguém o cumprimentava. Nem sequer olhavam para ele. Mesmo assim continuou entrando. Nos fundos da sala havia uma aglomeração de pessoas e, na parede, um grande telão. Ao olhar atentamente para o telão ele começou a ver projetado o que as pessoas estavam pensando naquele momento. Um a um que passava pensava: um pai distante, uma pessoa antissocial, sem amigos, sempre com o amor ausente, o desequilibrado emocionalmente, nunca cuidou da saúde, o improdutivo no trabalho, gastava todo dinheiro ganho, nunca se preparou para as adversidades da vida. Um deles pensou: seu “lazer” predileto era fazer churrasco para os outros. Ele começava os preparativos no sábado e terminava domingo a noite com a limpeza do local. Um outro logo pensou: um coitado, um ingênuo! Detestava cultura. Achava perda de tempo. Nunca lia um livro, assistia a filmes e viajar? Nem pensar. Vendo todas as cenas o homem ficou incomodado e se perguntou: Será sobre quem estão pensando? Que pessoa é essa tão infeliz? Ainda perplexo o homem continuou adentrando à sala e chegou ao local em que se encontrava uma grande caixa com flores sobre uma mesa. Curioso, chegou mais perto para observar dentro da caixa. Assustou-se quando viu que lá estava o seu corpo. Só então percebeu que havia morrido e ele estava vendo no telão o que as pessoas pensavam sobre ele. Imediatamente veio à sua memória o recente encontro com algumas pessoas. Lembrou o quanto se gabava por ser um grande homem e de sempre ter feito tudo certo. No entanto, não somos o que falamos. Somos péssimos avaliadores de nós mesmos. Na realidade. Somos o que é percebido sobre nós. Então o homem sentiu-se angustiado pois percebeu que não havia sido feliz e não havia mais chances, nem amanhã, nem depois. Para ele era chegado o fim. E mais uma vez ele se perguntou: qual legado deixei dessa minha existência? Bem, poucas são as certezas que temos nessa vida. Uma delas é que só possuímos tempo e energia. Às vezes temos tempo, mas não temos energia. Outras vezes temos energia mas não temos mais o tempo. Outra certeza é a de que vamos morrer. A boa notícia é que, enquanto vivermos, podemos à qualquer tempo e hora, mudar o rumo da nossa história. O desafio, como dizia Sócrates, está em conhecer-te a ti mesmo. Viajar para dentro de si. Desafie-se. Faça uma profunda e corajosa avaliação sobre a sua vida e nunca se esqueça: ainda dá tempo. Tu podes, se quiseres!
Ainda dá tempo!
Atualizado: 30 de out. de 2020
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