
O menino que desafiou o destino
Fiz as contas desde menino, de que tudo não conseguiria aprender.
A fome esperava na esquina, e os irmãos precisavam comer!
Foi aí que tive que escolher o que realmente aprender.
Da tabuada aprendi as fáceis, o resto só conferindo pra saber.
Do português os verbos e a pontuação resumi.
História e geografia, via ao vivo, percorrendo trechos aprendi.
Literatura aprendi nos livros, que sempre li!
Química e física aprendi na prática, tomando chuva e atravessando rio a nado, pra cortar lenha e dinheiro conseguir.
Fazer comércio foi com os árabes, Kalim e Antônio Saeghe, com eles aprendi.
Filosofia, foi convivendo com os sábios, foi assim que aprendi.
Com o dinheiro tive respeito de nunca o esbanjar, aí virou amigo e foi chegando pra ficar.
Hoje vejo que fiz o certo, caso contrário não estaria aqui.
Dos sete irmãos, todos viraram gente, pra mamãe poder sorrir.
Agora no fim da tarde posso aprender o restante do que não aprendi.
E o que falta, parte se faz pouco necessária, pois sem ela vim até aqui.
“Falendo”, falar fazendo foi o que fiz. E o neologismo aí está, e assim pude contribuir.
O melhor teria sido, caminho normal ter seguido.
O mais importante foi nunca ter desistido, embora por linhas tortas o caminho foi percorrido.
Vim, vi e estou aqui.
Por Adilson Rodrigues
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